Foi em 1998, na Feira do Livro de Lisboa. Passeava eu de “casinha em casinha” quando olhei para uma delas e vi um livro em promoção. Parei, não tinha muito dinheiro e o livro era barato, tinha uma capa bonita, era pequenino, ideal para o levar na minha bagagem de férias. Era de uma escritora portuguesa que conhecia vagamente de a ver em séries de televisão. Comprei.
Umas semanas mais tarde, abri-o num quarto do INATEL do Luso (um local que me dá uma grande paz).
Quando o voltei a fechar tudo à minha volta estava diferente.
Tinha acabado de descobrir uma GRANDE escritora. Tornei-me leitora incondicional da Rosa Lobato Faria.
O livro era Os Pássaros de Seda. Não descansei enquanto não li todos os outros romances já publicados, e à medida que iam aparecendo novos eu imediatamente os lia. Nunca me desiludi com nenhum, bem antes pelo contrário.
Um dia tive a sorte da Rosa Lobato Faria vir a uma feira do livro na cidade onde vivo. Levei, de “atracado”, todos os livros que tinha. Queria que mos autografasse.
A autora ficou deveras surpreendida - “mas leu todos?” perguntou-me, “claro” respondi -. E do fundo da minha vergonha ouvi-me perguntar-lhe: “Como conseguiu escrever O Romance de Cordélia?”. “Convivi com elas durante vários meses na prisão, estive lá a ouvi-las. São relatos verídicos” respondeu-me.
Era tão envergonhada, se fosse hoje faria imensas perguntas, mas naquela altura foi o máximo que consegui.
Obrigada Rosa Lobato Faria e, se no sítio onde estás tiveres uma boa caneta (sei que és muito esquisita com canetas, disseste-o no Tributo que te fizeram há uns anos na televisão) e um caderninho, por favor continua a escrever.
M.T.