Deixei vaguear o olhar pelas estantes da minha biblioteca e deparei-me com A Boda Mexicana. Lembrei-me imediatamente de Laura Esquível e Isabel Allende. Nem poderia ser de outro modo...
Como o livro está a ser reeditado, aqui fica uma reflexão impertinente e impressionista...
Tal como o título refere, a narrativa tem como centro uma das tradições mais antigas da humanidade: o casamento. Esperanza, a narradora e protagonista da obra, desafia a tradição na sua luta para alcançar uma vida melhor. Simultaneamente, recria um universo onde convivem valores e dilemas - as forças que unem e separam as pessoas, os enigmas do coração, a angústia perante a passagem do tempo...ou seja, a totalidade da experiência humana.
Com um estilo realista e uma emotividade contida, a autora fala da condição da mulher no México (fazendo-nos atravessar do passado ao presente e do México rural ao urbano), dando às vozes femininas um profundo humanismo que faz do livro um relato de grande força.
Porém, acredito, o fundamental da escrita de Sandra Sabanero reside na observação psicológica e na sua capacidade de representar diferentes problemáticas.
Assim, enquanto os preparativos do casamento decorrem, Esperanza deixa que a sua mente reviva pedaços de memórias, permitindo à autora analisar o papel da mulher e da família no imaginário colectivo da sociedade mexicana.
O livro é um exemplo do papel da mulher moderna na sua luta para vencer sem esquecer o que é fundamental: o amor. E, neste caso, um amor sem barreiras nem culturas...
Quando as histórias de amor terminam com o casamento dos protagonistas, assume-se um final feliz. Deste ponto de vista, A Boda Mexicana não é excepção. Porque o amor é eterno enquanto dura...