Este foi um dos livros que li com imenso agrado. Talvez tenha sido do espaço onde o li (A Quinta das Lágrimas, num Verão com aroma a Primavera...), talvez tenha sido do meu estado de espírito. Não sei. Sei apenas que nunca mais o esqueci. Discuti-o num Círculo de Leituras (que orientava na altura), mas as impressões que aqui deixo são pessoais. São traços leves de alguns aspectos que me marcaram...
As Mulheres Que Há em Mim é a história de três gerações de mulheres da mesma família e de uma casa muito especial, cheia de recantos secretos, que se converte em mais uma personagem da obra.
Esta viagem oferece-nos um mundo belo e dramático, por onde vagueia, também, uma personagem silenciosa e inquietante: o jardineiro da casa...
A história - magistral, do meu ponto de vista - arrebata-nos pela força da narração e pela beleza do mundo que desvenda... Simultaneamente, desenrola-se com grande sensibilidade. Basta olhar as cenas mais eróticas, que nunca caem na banalidade nem são gratuitas.
Por outro lado, há uma aura de intemporalidade em todo o livro, pois as histórias das três mulheres são intercambiáveis e, por vezes, basta uma referência isolada para dar nota do tempo que vai passando...
Interessante, também, é a cosmovisão dual da autora: a de um mundo dividido entre mulheres feridas e mulheres por ferir, mulheres que conhecem a dor e mulheres que estão prestes a conhecê-la... Em suma, mulheres infelizes que ensinam a outras que nenhuma felicidade é duradoura.
À medida que ia lendo o livro, e por força da sua beleza, da sua sensibilidade e até da sua delicadeza, fui-me lembrando do filme "O Amante de Lady Chatterley"... Talvez porque aquele jardineiro seja a figura que destoa num conjunto...uma personagem misteriosa que parece trazer sempre um disfarce e a cuja verdade é muito difícil chegar...