Acabei há poucos dias este livro. Estive durante algum tempo sem saber o que fazer - falar ou não dele...
Resolvi, finalmente, deixar um texto muito curto...
Três Lindas Cubanas fez-me lembrar (ainda que de um modo diferente) Origens de Amin Maalouf. Por isso, o meu entusiasmo foi crescendo à medida que percebi tratar-se da história de uma família. Gosto de histórias assim...
Rapidamente me dei conta de que não estava, apenas, perante uma saga familiar ou uma demanda familiar...
O livro é de difícil classificação quanto ao género. Mesclando elementos reais e de ficção, ficamos a conhecer Cuba e as transformações pelas quais passou o país com a revolução.
Ou seja, o autor transporta-nos nas suas contínuas viagens a Cuba, dando-nos a conhecer esse país em transformação política e cultural. Assim sendo, o livro é - também - uma crónica de viagens... Mas é, ainda, um voltar às origens, pretexto para dar a conhecer a história da sua família. Curiosamente, o narrador é frequentemente feminino, pois só assim, através da mãe e das tias, o passado (sobretudo o do autor) parece fazer sentido. Por isso realidade e ficção se entrelaçam... Por isso essa voz faz com que Gonzalo Celorio confronte o que lhe disseram, com o que acredita que lhe disseram, com o que é agora. O autor escolhe, assim, explicar-se através do passado... Talvez por isso o romance me tenha atraído...
Do meu ponto de vista, em parte romance, em parte crónica de viagens, o texto é, acima de tudo, uma experimentação com os tempos narrativos...
Depois é só esperar encontros, desencontros e reencontros... Do fascínio ao desencanto, a viagem interior e simbólica é mais rica do que aquelas que qualquer avião pode proporcionar. Com ela ganhamos sempre qualquer coisa, pois voltamos indiscutivelmente diferentes daquilo que éramos ao partir...