Uma querida amiga recomendou-me este livro. Não há como não gostar de amigos que oferecem jóias assim...
As historias de amor são difíceis de pôr de lado. Esta é uma história de amor única e bela. Um amor que se ergue de um banco de um parque...Mas acima de tudo, é um diálogo sem palavras entre dois homens - não só de duas culturas - que partilham a solidão e, ao fazê-lo, redescobrem a amizade.
Num estilo narrativo depurado, quase minimalista, conta-se a história do senhor Linh. E o leitor é conduzido a esse jogo. É a magia das palavras, é o poder de uma história sem mais conversas. Tudo passa pela emoção e pela pureza.
O senhor Linh, de personalidade luminosa, se bem que marcada e desamparada, é um homem de grande nobreza que nos envolve no seu silêncio e nos deixa sem voz...A sua história é a de muitos que são obrigados a deixar o seu país e a exilar-se em terras estranhas, onde encontram uma realidade totalmente diferente da sua. É a história do seu desenraizamento, da sua tristeza infinita, do seu desencorajamento, da sua solidão...
Uma escrita apurada e frequentemente poética fez-me pensar em Marguerite Duras - uma escrita onde o leitor, se quiser pôr a sua imaginação a funcionar, descobre, nas entrelinhas, todo um mundo de "não ditos" (ou melhor, de "não escritos").
Nesta fábula (porque não sei o que lhe chamar), o olhar do "outro", o desenraizamento, a dor causada pelo exílio forçado e a perca...tudo faz partir a alma em milhões de pedaços que só o fio cicatrizante da amizade sem fronteiras pode colar.
No seu estilo poético e mágico, esta é uma história que se lê tão facilmente quanto difícil é esquecê-la...