Na série infinita de números naturais existem alguns especiais:os números primos, divisíveis apenas por si próprios ou por um.
Acabo de ler este romance, onde Mattia e Alice são assim - duas pessoas especiais que viajam ao ritmo de um compasso binário, mas destinados a não encontrar-se mais... São dois universos singulares, incapazes de se abrir ao mundo que os circunda, incapazes de comunicar... Duas histórias difíceis, duas infâncias comprometidas que os faz transportar - dentro e fora de si - sinais de um passado terrível...
O tom da história cresce à medida que a simplicidade das descrições iniciais dá lugar à profundidade do pensamento. E a Solidão dos Números Primos cresce nas mãos do leitor, partindo em surdina para um final (in)esperado.
A historia, ao contrário do que possa parecer, não é banal. É muito realista. O pessimismo que lhe encontramos é, também ele, muito verdadeiro e muito actual: a adolescência mal resolvida e os seus abismos revelam-se aqui em toda a sua plenitude.
Quando terminei, dei comigo a pensar: "realmente, são como dois números primos encaixados no meio de outros, mas com qualquer coisa que os distingue... Conservam um mistério sedutor que cativa o nosso interesse do início ao fim".
Cumpre-se a expressão matemática "números primos gémeos"...