Li há muito tempo este livro. Pela sua originalidade, recomendo-o vivamente.
O que se pode dizer de um romance no qual um jovem rapaz partilha (durante sete meses) um barco salva vidas com um tigre de Bengala adulto, cujo nome é Richard Parker?
Na verdade, muito pode ser dito e tudo pode ficar no silêncio...
Definitivamente, este é um dos romances mais fora do comum que já li. No entanto, a história que conta é tremendamente profunda e comevedora. Pelo meio, de mãos dadas, passeiam-se as teorias de Darwin, a psicologia de Jung e os pensamentos de Kierkegaard. Curiosamente, o destino e o existencialismo encontram aqui terreno fértil...
Yann Martel conta uma história onde faz o inacreditável parecer credível. É um mestre contador de histórias.
Pi, a personagem principal, conta a história e, de imediato, essa narrativa adquire um tom que a torna acessível e fácil de digerir. Por seu lado, a escrita linear e inocente cativa e envolve, conduzindo à grande mensagem da obra: a essência do amor e a forma como a vida pode pode confundir a sua verdade.
Em duas grandes partes, conhecemos a infância de Pi no Zoológico e a sua longa viagem no barco salva vidas. E esta segunda parte é deveras interessante, pois o autor não permite que Richard Parker seja mais do que um perigoso tigre e Bengala e que Pi seja mais do que um rapaz desesperado perdido no mar.
Não sei se o livro é uma alegoria, um conto mágico-realista ou uma aventura. Nem me interessa. Só sei que é um dos livros mais originais que já li, onde ciência e destino coexistem num equilíbrio delicado. Um livro que tem qualquer coisa a dizer sobre a vida. Uma excelente história. Mas só podia ser, pois a uma boa história não pode faltar um tigre...