Li todos os livros desta autora. Fascinam-me e não consigo resistir. Quando este foi publicado, nem sequer duvidei em comprá-lo. Não sei bem o que esperava, mas não era exactamente isto. Continuo a gostar da autora e da sua escrita. No entanto, senti falta da magia que me foi cativando de livro para livro…
Deixo uma breve nota com as minhas impressões, embora confesse que “não me encheu as medidas”.
Não há neste livro chocolate, magia, vinho, fruta…ou rebuçados.
Há cores (seis), cada uma correspondendo a uma parte. Vamos descobrindo o significado da escolha dessas cores à medida que conhecemos a família disfuncional de BB (blueyedboy) e as suas ligações.
Assim, a obra (eu diria um thriller negro), centra-se na história de um homem de 42 anos que escreve ficção arrepiante e assustadora num Webjournal. Contada com mestria, rapidamente nos damos conta que é uma história de manipulação com um final surpreendente.
Não demora muito tempo ao leitor a começar a questionar-se sobre os relatos: são mentira ou se são realidade?
O interesse da autora é, claramente, explorar o lado negro da Internet e utiliza com inteligência esta ferramenta do dia-a-dia, para nos dar conta das perturbações da mente: o livro está saturado de cor, pois o protagonista sofre de sinestesia (um problema neurológico). Deste modo, a história desenrola-se através da publicação de posts públicos e restritos, num registo epistolar moderno, não sendo de fácil leitura. E é impossível, até ao final, distinguir realidade de ficção.
A linguagem, cheia de intensidade gótica, está longe da de Chocolate ou Vinho Mágico. No entanto, o leitor deixa-se prender por aquele narrador estranho e assustador e dá por si a seguir-lhe os passos.
A prosa é poderosa, mas não esperem uma viagem fácil ou confortável…