Já ando há algum tempo para falar deste livro. Comprei-o e li-o quase de imediato, pois atrai-me a história da China e, sobretudo, o papel das mulheres nessa civilização tão distante (e tão próxima) da nossa. É uma excelente leitura que vivamente recomendo.
Nesta obra, a autora parte do pressuposto de que às vezes nos faltam palavras para expressar o sofrimento que nos atinge.
Numa primeira leitura, o romance parece uma complicada história de amor. Mas lendo o livro com alguma atenção, percebemos que há muito mais. O argumento é sobretudo uma desculpa para aprofundar a história “doméstica” da China que se torna uma superpotência, com uma tradicão cultural fortíssima. Percorremos uma história de três gerações de mulheres durante um século de História da China e a complexidade das vivências pessoais é semelhante à da evolução de um país que passou de um regime feudal ao moderno capitalismo. E a impressão que o leitor tem da história é idêntica à de um gigantesco moinho a girar ao vento: anda em espiral, ganha força e arrebata tudo o que aparece no seu caminho. São assim as histórias das personagens que vamos conhecendo – personagens sobretudo femininas que chegam, partem e regressam…
Mais do que um romance de acção, este é um romance de reflexão. Elegante, não se pode ler com a voracidade de um leitor compulsivo. É precisa a paciência do construtor de miniaturas, para se saborear a escrita ligada às pequenas coisas do quotidiano. Uma escrita com retrocessos e avanços como só o pode ser a “escrita da memória”
É um livro muito interesante, porque estando escrito de um ponto de vista feminino, nos mostra a imensa quantidade de detalhes sobre a vida da mulher na China.
O estilo é simples. As frases são simples, mas construídas de tal maneira que prendem o leitor.
Um livro para saborear que nos deixa…sem palavras.