Facto: Há muito tempo que não lia um livro tão bom e tão bem escrito.
O Leitor, de rápida leitura, implica e envolve emocionalmente. Queiramos, ou não...
Triste e inteligente, trata-se de uma história de amor e de uma história onde a ética ocupa lugar de destaque.
A obra perturba. E perturba no sentido mais estrito do termo, pois irrompe na monotonia, fazendo perguntas que não têm resposta fácil.
Na relação insólita de Michael e Hanna detecta-se, afinal, o cerne do livro: o drama colectivo do povo alemão do pós-guerra. E este é, talvez, um dos aspectos mais interessantes e envolventes do livro. Muito se escreve (felizmente) a partir do ponto de vista dos judeus, mas pouco se produz relativamente à visão dos alemães (da actualidade) sobre o mesmo assunto. Talvez isso traduza o silêncio da vergonha que muitos têm relativamente à Guerra, ou a forma como entendem ser a culpa dos seus pais ou familiares...
O Leitor cativa desde a relação inicial de Michael e Hanna até às profundas reflexões sobre o impacto que a Segunda Guerra teve nas gerações após o nazismo e a forma como foram afectadas.
Mas porque está escrito de modo tão belo e subtil, viajando no passado de agora, em nenhum momento sentimos que os temas que compõem a história estão em julgamento.